Autores: Patrick de L. Barbosa, Heloisa F.S. de Sousa, Fernanda L.F. de Assis, Emeli M. de Araújo e Samanta C. Mourão

A alopecia caracteriza-se pela queda de cabelo ou pêlos em locais próprios do corpo humano, podendo ser desencadeada por diversos fatores, como genéticos, hormonais, má circulação, deficiência de vitamina e autoimune. Desse modo, existem vários tipos de alopecias que se diferenciam por essas múltiplas origens. 

A alopecia androgenética é a condição que atinge em maior proporção o sexo masculino, por ser uma doença relacionada aos androgênios, ou seja, ao hormônios masculinos testosterona. Dessa forma, quando a testosterona estimula os folículos pilosos, ela sofre a ação da Di-Hidrotestosterona (DHT), que promove o afinamento dos pêlos e/ou cabelos.

Tratamento medicamentoso

A genética também é um fator responsável na queda de cabelo estimulado pela alopecia androgenética, sendo esse mecanismo ainda não totalmente esclarecido. Esse tipo de alopecia é mais prevalente nos homens brancos do que nos afrodescendentes, e quando alcançam 50 anos de idade aproximadamente 50% apresentam alguma manifestação clínica.  

Essa patologia é progressiva, logo, se não tratar o número de fios reduzem cerca de 5% ao ano. Portanto, mesmo sendo uma doença que não afeta diretamente a saúde do indivíduo, ela é uma enfermidade que pode causar diversos problemas indiretamente, como transtornos psicológicos, já que culturalmente o cabelo influencia na autoestima, além disso, pode até mesmo acarretar câncer de pele, já que o cabelo e os pêlos protegem a epiderme, principalmente da região do couro cabeludo, da exposição dos raios ultravioleta. Dessa maneira, é importante buscar um tratamento, tendo atualmente diversos produtos medicamentosos e cosméticos no mercado para reverter a calvície.

Os tratamentos farmacológicos para alopecia androgenética devem ser prescritos por um médico habilitado e visam retardar ou diminuir a queda capilar e aumentar a cobertura no couro cabeludo através de diferentes alvos, dentre eles, destacam-se:

  • Minoxidil: É um dos fármacos mais utilizados no tratamento de alopecia androgenética atualmente, porém quando foi desenvolvida, o alvo dos pesquisadores era que a substância sintetizada seria usada para o tratamento de hipertensão por ser um vasodilatador, porém muitos pacientes que faziam o uso da droga relataram ter um crescimento excessivo de pêlos, denominado hipertricose. Por conta deste efeito colateral pronunciado, o fármaco começou a ser utilizado para o tratamento de queda capilar. O mecanismo de ação do minoxidil ocorre devido à abertura dos canais de potássio, que aumentam o fluxo sanguíneo no couro cabeludo, estimulando o crescimento capilar, além de aumentar o fator de crescimento endotelial vascular, que também promove uma maior irrigação sanguínea no couro cabeludo, estimulando o crescimento capilar. Indica-se usar topicamente na área desejada na concentração de 5% de minoxidil para homens e 2% a 5% de minoxidil para mulheres. Há relatos de efeitos colaterais como prurido (coceira intensa) e hipertricose (crescimento de pêlos em excesso) em locais não desejados quando a concentração de minoxidil utilizada é de 5%.
  • Finasterida: Este fármaco foi originalmente desenvolvido para o tratamento de hiperplasia prostática benigna e câncer de próstata por inibir seletivamente a ação da enzima 5-alfa-redutase tipo 2, enzima responsável por converter testosterona em dihidrotestosterona nos órgãos genitais masculinos, como a próstata e em folículos pilosos. Como dito anteriormente, a dihidrotestosterona tem papel fundamental na alopecia androgenética, fazendo com que ocorra o afinamento e queda dos pêlos, então a finasterida ao inibir a síntese de dihidrotestosterona no folículo piloso, haverá diminuição dessa molécula agindo e consequentemente haverá diminuição do afinamento e queda capilar. A dose recomendada para homens é a de 1mg/dia, por via oral e de uso ininterrupto, pois seus efeitos acabam com a interrupção do tratamento, gerando “efeito rebote”. A finasterida se mostrou pouco eficaz no tratamento de queda capilar em mulheres. Devido à sua metabolização hepática, pacientes que possuem distúrbios hepáticos não devem utilizar finasterida. Dentre os efeitos colaterais, os mais comuns são a diminuição de libido sexual, disfunção erétil e dificuldade de ejaculação. 
  • Dutasterida: Este fármaco também é da classe de inibidores da enzima 5-alfa-redutase, porém é seletivo para o tipo 1, que está presente em folículos pilosos e glândulas sebáceas e tipo 2, que está presente na próstata e folículos pilosos, por possuir um espectro maior de ação, esse fármaco se mostrou mais eficaz que a finasterida, sendo utilizado em pacientes que não obtiveram resultados satisfatórios com a finasterida. Ele foi desenvolvido originalmente para tratamento de hiperplasia prostática e câncer de próstata, porém como ao diminuir a conversão de testosterona em dihidrotestosterona resulta na diminuição da queda capilar, esse fármaco também é usado para esse fim. A dose recomendada para homens é de 0,5mg/dia e por via oral. Dutasterida não deve ser utilizada por mulheres. Dentre os efeitos colaterais relatados, os mais comuns são a diminuição de libido, disfunção erétil e dificuldade de ejaculação.
5AR = 5-alfa redutase.

Tratamento Cosmético

Contudo, em virtude dos possíveis efeitos colaterais provenientes do uso dos principais medicamentos para o combate à queda capilar, como o minoxidil e a finasterida, a curto e longo prazo, pesquisas em busca de princípios cosméticos, que apresentem mecanismos de ação semelhantes ao dessas drogas, porém com manifestações mínimas de efeitos colaterais têm sido cada vez mais realizadas, a fim de melhorar a qualidade de vida de quem sofre com queda capilar, uma vez que a adesão à terapia medicamentosa, muitas vezes, pode ser difícil por essas razões.

Nesse sentido, à esse princípio, isto é, uma substância alternativa àquela bem consolidada por estudos, muitas vezes farmacologicamente ativa, que apresenta mecanismo de ação igual ou semelhante porém que induz menos efeitos colaterais é chamada de “like”, no sentido de “ser como” ou “atuar como” uma outra já bem estabelecida. Dessa forma, cosméticos “minoxidil-like” e “finasterida-like” vêm sendo cada vez mais estudados e descobertos, destacando-se: 

  • O Hair Active® que tem como mecanismo de ação a inibição da enzima 5 alfa-redutase tipo II, bem como a promoção da melhora da vascularização no couro cabeludo, atuando tanto como uma substância “finasterida-like” quanto como uma “minoxidil-like”. Além disso, geralmente se apresenta na forma de loção capilar, associado ou não a outros ativos;
  • O Sfíngoni® que atua também na inibição da 5 alfa-redutase tipo I e aumento da expressão de genes responsáveis pela ancoragem do fio. Além disso, geralmente se apresenta também, geralmente na forma de loção capilar, podendo ou não estar associado a outros ativos;
  • A Actrisave® que também tem como mecanismo de ação a inibição da enzima 5 alfa-redutase bem como a redução do processo inflamatório no couro cabeludo. Além disso, se apresenta na forma de comprimido (via oral), podendo ou não estar associado a outros ativos;

Além dessas substâncias “minoxidil-like” e “finasterida-like”, existem também outras que apresentam mecanismos de ação diferentes, mas que podem agir como bons coadjuvantes no tratamento da queda capilar, atuando em outras frentes como no combate ao enfraquecimento dos fios e na saúde do couro cabeludo como um todo, destacando-se:

  • A Capilia Longa® que é um peptídeo botânico que atua como fator de crescimento, derivado da cúrcuma longa (açafrão da terra), e extraído do rizoma, isto é, das células que compõem o caule subterrâneo da planta em questão. Seu mecanismo de ação está pautado na modulação de genes e fatores de crescimento responsáveis pela redução da queda capilar. Além disso, geralmente está presente na forma de loção capilar, podendo ou não estar associado a outros ativos.
  • O Nutricolin® que atua como cofator na síntese de queratina, principal componente presente no folículo capilar, bem como na síntese de colágeno, melhorando a ancoragem do fio. Além disso, se apresenta também, geralmente, na forma de comprimido, podendo ou não estar associado a outros ativos;
  • O Dimpless® apresenta ação antioxidante, auxiliando na redução do componente inflamatório. Além disso, também se apresenta, geralmente, na forma de comprimido, podendo ou não estar associado a outros ativos;

Apesar de promissoras, estas substâncias, em virtude da falta de estudos de eficácia a médio e longo prazo, ainda não podem se equiparar com aquelas já mais consolidadas, como o minoxidil propriamente dito, a finasterida e a dutasterida, uma vez que estas já possuem anos de estudo e são utilizadas para o tratamento da queda capilar masculina há décadas.

Entretanto, isso não significa que elas não possam atuar como coadjuvantes no tratamento ao lado dessas drogas, potencializando-o, ou até mesmo substituindo-as em caso de manifestação de efeitos colaterais indesejáveis com o seu uso. Tudo vai depender da adesão e da resposta ao tratamento do indivíduo, acompanhado de um médico especialista de sua confiança. 

Tratamento cirúrgico

Uma das opções para o tratamento de alopecia androgenética é a de tratamento cirúrgico, que é usado em pacientes de casos de perda capilar excessiva ou em que o tratamento farmacológico não funcionou como esperado. Atualmente, o transplante capilar é considerado uma micro cirurgia menos invasiva, pois mantém a integridade do escalpo capilar. Folículos pilosos são retirados de uma área saudável do paciente e transplantados para a área desejada no couro cabeludo, fazendo com que o crescimento capilar ocorra de forma natural posteriormente.


Compartilhe:

Referências: 

CHAVES, R. A. et al. Opções terapêuticas e perspectivas no tratamento da alopecia androgenética. Revista Eletrônica Acervo Científico, v.25, p. e7445, 2021.

GEORGIEV, Vasil et al. Plant cell culture as emerging technology for production of active cosmetic ingredients. Engineering in life sciences, v. 18, n. 11, p. 779-798, 2018.

HARCHA, W. G. et al. A randomized, active- and placebo-controlled study of the efficacy and safety of different doses of dutasteride versus placebo and finasteride in the treatment of male subjects with androgenetic alopecia. Journal of the American Academy of Dermatology, v. 70, n. 3, p.489-498, 2014.

MULINARI-BRENNER, Fabiane; SOARES, Ivy Faigle. Alopecia androgenética masculina: uma atualização. Revista de Ciências Médicas, v. 18, n. 3, 2009.

Skip to content