Cosméticos Sustentáveis: Beleza que Cuida do Planeta

Autores: Denise da Silveira e Emeli M. de Araújo

Pequenas alterações no nosso dia-a-dia podem levar a grandes mudanças a longo prazo. Ao informar os consumidores sobre a natureza de suas escolhas, é possível demonstrar como um movimento coletivo em direção ao consumo responsável pode impactar positivamente as cadeias de produção e forçar a indústria de cosméticos a adotar práticas e fornecer produtos mais sustentáveis.

Orientando consumidores para uma mudança consciente através do consumo responsável, a busca pela beleza não pode mais ser separada da preocupação com a sustentabilidade. No cenário atual, a educação dos consumidores desempenha um papel fundamental na busca por um futuro mais equilibrado e ambientalmente saudável. 

O consumo de forma consciente e responsável dos produtos de higiene pessoal e cosméticos não apenas ajuda a preservar o planeta, mas também reflete uma nova ética, em que a beleza está profundamente ligada ao respeito pelo meio ambiente e pela saúde global.

Cada vez mais, as ações individuais têm impactos coletivos significativos, e é nesse contexto que a conscientização sobre o consumo responsável se torna crucial. Educar os consumidores para adotarem comportamentos mais sustentáveis não apenas promove a preservação do meio ambiente, mas também empodera as pessoas ao mostrar que suas escolhas cotidianas podem fazer a diferença de forma positiva.

A preferência por ingredientes que não contenham compostos prejudiciais à saúde humana e ao ecossistema atua como um impulso para que as empresas adotem abordagens mais responsáveis na criação de suas formulações. Em nosso site é possível acompanhar uma série de matérias que explicaram melhor o assunto.

Embalagens Eco-friendly https://prouc.uff.br/cosmetico-sustentavel/ 

Selos de certificação https://prouc.uff.br/selos-de-certificacao-cosmeticos-conscientes/#more-2296 

Marcas com propósito e que buscam o desenvolvimento sustentável https://prouc.uff.br/desenvolvimento-sustentavel-e-ods/  

Trocas sustentáveis de vários produtos como conservantes (https://prouc.uff.br/ingredientes-cosmeticos-problemas-e-alternativas-sustentaveis-conservantes/) ; emolientes (https://prouc.uff.br/ingredientes-cosmeticos-problemas-e-alternativas-sustentaveis-emolientes/ ); corantes e fragrâncias (https://prouc.uff.br/ingredientes-cosmeticosproblemas-e-alternativas-sustentaveis-corantes-e-fragrancias/ ) entre outros.

O consumo sustentável nos cosméticos transcende a mera aquisição de produtos; é um movimento que reflete uma nova consciência em relação à beleza e ao bem-estar do planeta. À medida que os consumidores reconhecem o poder de suas escolhas, eles moldam a indústria de cosméticos em direção a práticas mais responsáveis e éticas. Optar por cosméticos sustentáveis não é apenas uma decisão de beleza inteligente, mas também uma demonstração de apoio a um mundo mais equilibrado, saudável e belo para as gerações futuras.

Ingredientes cosméticos: Problemas e Alternativas Sustentáveis (pH, Quelantes e Antioxidantes)

Autores: Brenda Demier e Emeli M. de Araúlo

pH

O pH é o potencial hidrogeniônico, cuja escala varia de 0 a 14. Quando o pH for igual a 7,0, indica que é neutra; pH abaixo de 7,0 é ácido, enquanto pH acima de 7,0 é básico (alcalino). Cada região do corpo apresenta um pH diferente, mas em média o pH ideal para a pele humana é  de 4,7. Formulações com pH diferentes da pele podem causar ressecamento da pele, danos aos fios de cabelo ou até mesmo favorecer a acne.

Para ajustar o pH das formulações cosméticas são utilizados ácidos ou bases. Para reduzir o pH da fórmula os ingredientes mais utilizados são ácido lático e cítrico, que podem ser de origem natural (vegetal ou animal) e sintética. Já para aumentar o pH são usadas substâncias básicas como: dietanolamina e trietanolamina (que contém resíduos de nitrosaminas que são cancerígenas);  aminometilpropanol e os hidróxidos de potássio, cálcio e magnésio. , que além de serem sintéticos podem causar irritações. Como alternativa natural, pode-se citar a L-arginina, porém, ainda é um ingrediente caro.

QUELANTES

Os agentes quelantes, também conhecidos como sequestrantes, são substâncias que agem complexando íons metálicos, auxiliando na manutenção da qualidade e validade do produto por evitar a oxidação.

O quelante mais utilizado em formulações cosméticas é o EDTA (sal sódico do ácido etileno-diamino-tetracético) que age quelando cobre, ferro, magnésio, zinco e cálcio. Porém, esse agente provém de matéria prima sintética, além de ser pouco biodegradável, contribui para a bioacumulação de metais pesados no ambiente. Como alternativa sustentável para esses agentes quelantes, temos o ácido fítico (hexafosfato de mioinositol), que é um quelante natural, proveniente de nozes, sementes e grãos. Ademais, possui excelente efeito quelante e é biodegradável, porém, ainda necessita de alto investimento. Outra alternativa é o ácido etileno diamino di-succínico (EDDS), que além de ser biodegradável é um isômero do EDTA.

Cadeia carbônica EDTA

ANTIOXIDANTES

A oxidação é o processo que leva uma matéria prima a se decompor e perder sua função. Para evitar esse processo, são empregados nas formulações cosméticas os antioxidantes, que são substâncias químicas que tem como objetivo retardar ou evitar o processo de oxidação de ingredientes da formulação.

A oxidação de um produto é catalisada pela luz, temperatura, radiação UV, pH e por contaminantes presentes no meio, como metais pesados, por exemplo.

Esse processo químico é prejudicial aos cosméticos, pois causam dano às propriedades físico-químicas da formulação, como o aspecto, cor e odor, além de comprometer a validade, assim, diminuindo a eficácia do produto. 

Os antioxidantes sintéticos mais utilizados nos cosméticos são o butil-hidroxi-tolueno (BHT) e o butil-hidroxi-anisol (BHA). Porém, possuem efeitos carcinogênicos, podendo também causar disrupções endócrinas e irritações na pele. Como alternativa natural para esses antioxidantes sintéticos, temos vitaminas e seus derivados, como o alfa tocoferol e o ácido ascórbico, popularmente conhecidos como vitamina E e vitamina C, respectivamente. 

Outros antioxidantes naturais encontrados são: flavonóides da semente de uva, polifenóis de romã (ácido elágico e punicalagina) e Óleo de semente de Camellia assamica.

É importante lembrar que os antioxidantes também podem ser encontrados como ativos em formulações cosméticas com a finalidade de prevenir o fotoenvelhecimento, pois neutralizam os radicais livres na pele e inibem a síntese acelerada de metaloproteinases, que degradam moléculas de colágeno.

Bibliografia

MATOS, S. P. Cosmetologia Aplicada. 1a edição. Ed. Erica. 2014.

Ribeiro, Cláudio. Formulação de cosméticos orgânicos. Grupo Rosatex, Guarulhos SP, Brasil, vol 21, p. 56 a 64, set 2009 https://www.cosmeticsonline.com.br/ct/painel/class/artigos/uploads/45ac6-CT215_56-64.pdf

CASTANO AMORES, Celia; HERNANDEZ BENAVIDES, Pablo José. Antioxidant actives in the formulation of anti-aging cosmetic products. Ars Pharm,  Granada ,  v. 59, n. 2, p. 77-84,  jun.  2018 .   Disponible en <http://scielo.isciii.es/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2340-98942018000200003&lng=es&nrm=iso>. accedido en  31  agosto  2023.  https://dx.doi.org/10.30827/ars.v59i2.7518.

Ingredientes Cosméticos: Problemas e Alternativas Sustentáveis (Conservantes)

Autores: Beatriz Gonçalves da Luz e Emeli M. de Araújo.

Os produtos de higiene pessoal e cosméticos são produtos para uso tópico em pele, cabelos e mucosas. Por serem de uso externo é permitido pela ANVISA a presença de microorganismos, portanto são produtos não estéreis. A Resolução 630, de 10 de Março de 2022 da ANVISA estabelece o limite de fungos e bactérias que podem estar presentes nestes produtos, seja de grau 1 ou grau 2 (Regularização de Cosméticos). Essa resolução divide os cosméticos em dois tipos: Tipo 1 (produtos para uso infantil, área dos olhos e que entram em contato com mucosas) e Tipo 2 (demais produtos susceptíveis a contaminação). Os limites estão descritos na Tabela abaixo. 

Tabela 1: Limites de microrganismos em cosméticos (ANVISA, 2022).

É importante destacar que estes produtos devem ser isentos de microorganismos patogênicos que causam lesões na pele e mucosas como  as bactérias Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus, assim como coliformes fecais e totais devem estar ausentes em todos os tipos de cosméticos. (Tabela 1). 

Por outro lado, outros microrganismos considerados não patogênicos podem estar presentes desde que dentro dos limites estabelecidos, pois mesmo que não causem danos de forma direta ao consumidor, podem alterar as características do cosmético. 

Assim, os conservantes se fazem necessários para impedir que esses limites sejam extrapolados, pois são capazes de inibir o crescimento de microrganismos durante a estocagem. Alguns conservantes são bem estabelecidos para aplicação em cosméticos, inclusive há uma lista regulamentada sobre quais conservantes são permitidos e as quantidades máximas que podem ser utilizadas, a RDC 528 da ANVISA pode ser consultada aqui

Entretanto, determinados conservantes utilizados em cosméticos podem causar danos para seres humanos, para animais e para o meio ambiente, por exemplo: 

  • Parabenos: após longo prazo, podem atuar como disruptores endócrinos, influenciando os níveis de estrogênio e estando associados ao desenvolvimento de câncer de mama. 
  • Formaldeído: pode causar irritação e alergia de contato em diferentes partes do corpo; 
  • Fenoxietanol: quando em concentrações elevadas, pode induzir irritação leves e moderadas na pele.

Sabendo desses riscos, buscar e usar alternativas de conservantes livres de riscos para o uso em humanos garante que o consumidor terá acesso a cosméticos eficazes e seguros. Algumas alternativas estão listadas abaixo: 

  • Alternativas sintéticas: ácido benzóico e benzoato de sódio, ácido sórbico e sorbato de potássio, ácido salicílico e álcool benzílico;
  • Alternativas naturais: alecrim e Santolina chamaecyparissus
  • Uso de insumos não susceptíveis a contaminação;
  • Uso de insumos com propriedade conservante secundária: caprilato de glicerila (coemulsificante), álcool feniletílico (aromatizante presente em flores e frutos), levulinato de sódio (emoliente).

Apesar do risco associado, alguns conservantes ainda são permitidos por lei em concentrações adequadas para aplicação em cosméticos, porém é possível que os consumidores se atentem a lista de ingredientes dos seus cosméticos, a fim de escolher aqueles que possuem conservantes que não representem riscos para a saúde humana.

Referências

Al-Halaseh, L.K.; Al-Adaileh, S.; Mbaideen, A.; Abu Hajleh, M.N.; Al-Samydai, A.; Zakaraya, Z.Z.; Dayyih, W.A. Implication of parabens in cosmetics and cosmeceuticals: Advantages and limitations. Journal of Cosmetic Dermatology. 2022, v. 21 (8), p. 3265-3271. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jocd.14775

B. Dréno, B.; Zuberbier, T.; Gelmetti, C.; Gontijo, G.; Marinovich, M. Safety review of phenoxyethanol when used as a preservative in cosmetics. 2019, v. 33 (S7), p. 15-24. Disponível em: https://doi.org/10.1111/jdv.15944 

BRASIL. Ministério da Saúde. RDC nº 528, de 04 de Agosto de 2021, dispõe sobre a lista de substâncias de ação conservante permitidas para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e internaliza a Resolução GMC MERCOSUL nº 35/20. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 11 Ago 2021. Acesso em: 27 Ago 2023. Disponível em: http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/5284308/RDC_528_2021_.pdf/b5f44e81-46ca-4eb5-a5f9-8e84ed067400 

BRASIL. Ministério da Saúde. RDC nº 630, de 10 de Março de 2022, estabelece parâmetros para controle microbiológico de produtos cosméticos. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil. Brasília, 09 Mar 2022. Acesso em: 28 Ago 2023. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-rdc-n-630-de-10-de-marco-de-2022-386107555  

Lv, C.; Hou, J.; Xie, W.; Cheng, H. Investigation on formaldehyde release from preservatives in cosmetics. International Journal of Cosmetic Science. 2015, 37 (5), 474-478. Disponível em: https://doi.org/10.1111/ics.12212 

Ingredientes Cosméticos:Problemas e alternativas sustentáveis. Corantes e Fragrâncias 

Autores: Juliany Bernardo da Silva e Emeli M. de Araújo.

Corantes podem ser encontrados em diversas formulações com a função de dar cor a mesma ou colorir a pele do usuário (maquiagens, por exemplo). Em cosméticos são usados pigmentos orgânicos, pigmentos inorgânicos ou corantes orgânicos.

Os corantes podem ser:

  • Naturais que são provenientes da natureza de origem mineral, animal ou vegetal.  Os de origem mineral são os que geram mínimo impacto ambiental.
  • Sintéticos que são produzidos artificialmente,  provenientes de petroquímica, com a composição definida semelhante à de corantes naturais. Um bom exemplo é a eosina utilizada para conferir a coloração vermelha nos batons. 

O corante ao ser aplicado absorve a radiação na faixa da luz visível,  nos comprimentos de onda entre 400 nm – 700 nm e é por esse motivo que é possível perceber sua coloração. Os corantes sintéticos, além de possuírem uma maior estabilidade que os corantes naturais, também possuem uma maior absorção dessa radiação devido à circulação de elétrons em sua estrutura através dos anéis aromáticos. 

Já os pigmentos podem ser inorgânicos de origem natural (óxido de ferro, óxido de zinco, dióxido de titânio, mica)  ou sintético (o processo de fabricação pode gerar impacto ambiental). A mica, apesar de ser natural, sua obtenção pode não ser sustentável pois sua extração envolve mineração, que gera impacto ambiental. E em alguns locais existem relatos de trabalho infantil.

Os pigmentos orgânicos podem ser de origem vegetal (pigmento amarelo de gardênia, curcumina (açafrão), betalaína (beterraba), licopeno vermelho (tomate), capsantina e capsorubina (páprica) e sua obtenção pode estar relacionada a desmatamento.

Origem animal: carmim, que pode envolver exploração animal. 

Origem sintética: Quinacridones, ftalocianinas, perilenos, pirrolas e arilaminas, só que envolve produção petroquímica e possível poluição ambiental.

É válido ressaltar que os corantes são diferentes dos pigmentos pois o primeiro não adiciona cobertura mas tinge a superfície do material em que se é aplicado. 

Fragrâncias

São misturas complexas que emanam odores olfativos e estão presentes em cosméticos, produtos para higiene pessoal e perfumes.

As fragrâncias possuem diversos caminhos olfativas (como cítrico, floral, oriental, amadeirado, entre outros) que têm o poder de acionar emoções e memórias, por isso o perfume, que é um cosmético ligado diretamente à fragrância, é tão apreciado e é dito como algo “particular” de cada pessoa. São misturas de compostos orgânicos, que podem ser: 

  • Naturais que são fragrâncias que são produzidas através de óleos essenciais extraídos da natureza como a fragrância de frutas e plantas, por exemplo, mas podem estar relacionadas a desmatamento. Algumas fragrancias muito antigas e famosas eram de origem animal, como o Almiscar (musk) e o ambar, fontes que envolvem exploração animal.
  • Sintéticas são produzidas na indústria e sua obtenção pode estar relacionada a poluição ambiental. 
  • A única alternativa sustentável para fragrâncias é não usar as mesmas nas formulações, o que fica inviável quando se trata de perfumes. 

Apesar de serem bastante utilizados na produção de cosméticos, os corantes e as fragrâncias orgânicos não se degradam naturalmente, por isso podem trazer danos à saúde humana e ao meio ambiente. Em seres humanos a curto e/ou a longo prazo, os corantes e fragrâncias podem provocar dores de cabeça, náuseas, alergias, irritações e até mesmo desregulação endócrina. Além disso, também é possível observar danos na biodiversidade e nos ecossistemas através da poluição desses recursos, principalmente quando se fala de corpos d’água, que ao serem poluídos não conseguem obter oxigênio suficiente para que ocorra a realização da fotossíntese dos seres vivos subaquáticas. 

Dito isso, é preferível que os consumidores se atentem à formulação dos cosméticos que utilizam a fim de evitar danos à saúde e ao meio ambiente e, se possível, optem por cosméticos mais naturais ou mais ecológicos. 

Referências:

Corantes: o que são e como agem. Acesso em: 18/08/2023. 

Disponível em: https://www.farmajunior.com.br/cosmeticos/corantes-o-que-sao-e-como-agem/ 

Cosméticos convencionais podem ser prejudiciais à nossa saúde e ao meio ambiente. Acesso em: 19/08/2023

Disponível em: 

https://biologiadaconservacao.com.br/cienciaemacao-ecosaboaria

Veja os diferentes tipos de fragrâncias e como são produzidas. Acesso em: 19/08/2023

Disponível em:

https://www.correiobraziliense.com.br/revista-do-correio/2021/07/4938230-veja-os-diferentes-tipos-de-fragrancias-e-como-sao-produzidas.ht

Ingredientes Cosméticos: Problemas e Alternativas Sustentávis (Polímeros)

Autores: Brenda Demier e Emeli M. de Araújo.

Os polímeros são uma classe de matérias primas muito utilizadas em cosméticos e em produtos de cuidados pessoais. Por possuir várias propriedades, seu uso pode garantir diversos benefícios às formulações em que for utilizado, possibilitando a criação de produtos de alto desempenho. Podem ser encontrados em diversos produtos capilares, como xampus e condicionadores, reparadores de ponta, máscaras de hidratação e géis, como também em produtos para o corpo, como hidratantes, cremes, géis, sabonetes e protetor solar, além de produtos para unhas, maquiagem e fragrâncias.

Existem vários tipos de polímeros, que podem ser naturais, sintéticos ou semissintéticos.  Por serem formados por macromoléculas compostas por monômeros, geralmente arranjados em cadeia, possuem grande diversidade estrutural. Devido a essa diversidade, em cosméticos, são utilizados para diversas funções, como: modificar a reologia do produto (textura e fluidez), espessantes, estabilizadores e desestabilizadores de espuma, emulsificantes, fixadores, condicionadores e na formação de filme.

Os polímeros sintéticos são os mais utilizados na indústria devido ao seu baixo custo, fácil adaptação, possibilidade de ser produzido em larga escala e longo prazo de validade. Os mais comuns encontrados em cosméticos são os polímeros à base de ácido acrílico, poliacrilamidas, homopolímeros e copolímeros à base de óxido de alquileno e silício. Os PEG’s (polietilenoglicóis) são bastante utilizados em formulações cosméticas como emolientes, emulsificadores (misturando ingredientes a base de água e óleo mais facilmente) e intensificadores de penetração (auxiliando na entrega de outros ingredientes mais profundamente na derme). Assim, estão presentes em produtos de cuidados com a pele, espumas de barbear, maquiagem, xampus e condicionadores, desodorantes, sabonetes, entre muitos outros. Porém, um grande problema associado ao uso dos polímeros sintéticos é a sua origem petroquímica, o que contribui para a poluição ambiental. 

Alternativas Sustentáveis

Como alternativa para amenizar esse problema, estão sendo muito utilizados os poliésteres alifáticos, como poli (ácido láctico) (PLA), poli (ε caprolactona) (PCL) e poli(3-hidroxibutiratoco-3 hidroxi valerato), que possuem propriedades biodegradáveis, são biocompatíveis e podem ser produzidos em massa, além de processabilidade por fusão e propriedades mecânicas não encontradas nos polímeros naturais. Devido a essas propriedades, estão recebendo atenção para produção de cosméticos sustentáveis.

Os polímeros naturais também são alternativas adequadas e muito utilizados em formulações cosméticas por não serem tóxicos, além de serem biodegradáveis, biocompatíveis e ecologicamente corretos. Ademais, são adequados para diversas aplicações, como modificadores e estabilizadores, em produtos como maquiagens e cuidados para pele e cabelo. Porém, não possuem a mesma performance dos sintéticos e geralmente dão uma sensação pegajosa e aspecto não cosmético ao produto. Como exemplo dessa classe de polímeros, podemos citar as gomas: guar, xantana,  tara; além de pectinas, quitosanas, alginatos, amido, polissacarídeos e gelatinas. 

Os polímeros semissintéticos são polímeros naturais modificados quimicamente e são derivados da celulose, sendo éteres e ésteres de celulose os grupos mais utilizados nas formulações. Esses derivados podem fornecer viscosidade em soluções, características de filme termoplástico e estabilidade contra biodegradação, calor, oxidação e hidrólise. Diferentemente dos ésteres de celulose, que são bons formadores de filme, os éteres de celulose, por serem solúveis em água, são utilizados principalmente como gelificantes, bioadesivos, espessantes e estabilizantes, podendo ser aplicados em cremes, xampus, loções e géis. Além disso, são mais resistentes à contaminação bacteriana do que os polímeros naturais.

Bibliografia

ALVES, Thais FR et al. Applications of natural, semi-synthetic, and synthetic polymers in cosmetic formulations. Cosmetics, v. 7, n. 4, p. 75, 2020.

PATIL, Anjali; FERRITTO, Michael S. Polymers for personal care and cosmetics: Overview. Polymers for personal care and cosmetics, p. 3-11, 2013.

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