Autores: Lethícia C. Pereira, Camila R. R. Garcia, Denise da Silveira e Emeli M. de Araújo.
O período de gravidez é um momento em que muitas dúvidas podem surgir sobre diversos assuntos diferentes e um deles, claro, são os cuidados com o cabelo. Se você está esperando um bebê e é do time do alisamento ou do time da pintura, com certeza está se perguntando: “Grávida pode fazer escova progressiva? Pode pintar o cabelo?”
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), alguns pigmentos e aditivos químicos usados em tinturas de cabelo foram considerados cancerígenos em testes laboratoriais (IARC, 2010). A tintura pode ser prejudicial pois muitas formulações contêm substâncias como amônia e benzeno. Esses componentes químicos podem ser absorvidos pelo couro cabeludo, entrar na corrente sanguínea, ultrapassar a barreira placentária e, assim, prejudicar o bebê.
Recomenda-se que a grávida evite pintar o cabelo no primeiro trimestre de gestação pois esse período é fundamental para o desenvolvimento inicial do embrião. Caso a gestante decida utilizar tinturas, é preferível que opte por produtos não tóxicos e mais naturais, como henna ou tinturas vegetais, sem amônia, peróxido de hidrogênio, P-fenilenodiamina (PPD) ou outros elementos químicos tóxicos.
Além disso, é imprescindível que algumas medidas sejam tomadas quanto à aplicação do produto. De acordo com o Food and Drug Administration (FDA), para evitar maior absorção pela pele, devem-se seguir as seguintes recomendações:
- Não deixar a tintura no cabelo mais tempo que o necessário;
- Enxaguar com bastante água o couro cabeludo após o uso da tintura;
- Ao aplicar a tintura, usar luvas.
Outra dica é usar sprays para retoque de raiz com tintura temporária para cobrir os fios brancos. Os mais encontrados em farmácias são os da linha Magic Retouch (L´Oreal) e Koleston Retoque Instantâneo (Wella).
O Formaldeído, que no rótulo pode aparecer com nomes diferentes, como: formol, formaldeído, quaternium-15, dimetil-dimetil (DMDM), hidantoína, imidazolidinilureia, diazolidinilureia, hidroximetilglicinato de sódio e 2-bromo-2-nitropropano-1,3-diol (bromopol), é utilizado nos procedimentos para alisar o cabelo e também em tinturas. Esta substância é absorvida pelo couro cabeludo e vai diretamente para a corrente sanguínea. Depois, ela pode atravessar a placenta e prejudicar o desenvolvimento do feto.
Além de irritar a pele, alguns estudos associam a substância ao aparecimento de câncer.
Especialistas recomendam que o uso seja evitado pelas gestantes e lactantes, uma vez que a exposição a substâncias carcinogênicas na gravidez pode afetar o desenvolvimento fetal. Um estudo no Brasil investigou a associação entre o uso de produtos de alisamento capilar durante a gestação e a incidência de leucemia em crianças menores de 2 anos, além da comprovada associação dessa substância com o desenvolvimento de câncer de nasofaringe. Portanto, o mais recomendável na gestação é evitar procedimentos com substâncias potencialmente tóxicas.
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Referências bibliográficas:
Produtos de uso tópico na gravidez, Sistema de Informações sobre Agentes Teratogênicos. Bahia (UFBA), 20 maio de 2021. Disponível em: <https://siat.ufba.br/produtos-de-uso-topico-na-gravidez>.
HAFFNER, M. J.; et al. Formaldehyde Exposure and its Effects during Pregnancy: Recommendations for Laboratory Attendance Based on Available Data. Clinical Anatomy. 28. 8; 1-25, 2015
AMIRI, A.; et al. Formaldehyde exposure during pregnancy. MCN Am J Matern Child Nurs. 40. 3; 180-5, 2015
https://www.gov.br/inca/pt-br/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/formol;