Cuidados com a pele no inverno

Autores: Gabriela W. Schiessl, Gabriella S. Boto, Iago M. Gonçalves, Matheus A. L. Falcão, Clara S. Ferraz, Ana Rebecca da S. de Souza, Gabriel Reis, Emeli M. de Araújo e Samanta C. Mourão.

O padrão de beleza estabelecido em uma sociedade é resultado de aspectos sociais e culturais. Dito isso, algumas pessoas podem se incomodar com manchas (hipercromias), rugas, cicatrizes, acne ou o aspecto envelhecido da própria pele. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o inverno é a época mais indicada para tratar a pele  pois a exposição ao sol é reduzida, ficando mais fácil melhorar o aspecto geral da pele, sendo que muitas alterações  cutâneas são adquiridas no verão pelo excesso de exposição à luz solar. No entanto, o clima do inverno também gera queda de temperatura e ar seco, que trazem mudanças a nossa pele, geralmente na forma de ressecamento, irritação e até acne. Isso se acentua também devido às mudanças de hábitos durante a estação, como mudanças na alimentação, uso de roupas mais fechadas e banhos muito quentes, portanto a hidratação da pele nessa época é fundamental. Nesta matéria abordaremos alguns tratamentos que são mais procurados no inverno: uso de ácidos e peeling, despigmentantes e hidratação da pele.

Manchas (hipercromias) podem ser minimizadas ou até mesmo eliminadas com auxílio de produtos despigmentantes dependendo da causa da mesma. 

Os despigmentantes tópicos são substâncias que atuam diretamente na região hiperpigmentada e podem ser utilizados na face. Eles agem por 3 formas, o clareamento da melanina, bloqueio da função melanocítica e pela destruição do melanócitos, são eles:

• Arbutin;
• Ácido ascórbico;
• Fosfato ascorbato de magnésio;
• Ácido kójico;
• Ácido azeláico;
• Alfa-hidroxiácidos (AHA);
• Cosmocaíne.

Muitos ácidos são utilizados como despigmentantes, como o ácido ascórbico, o ácido glicólico e o ácido kójico. O ácido retinóico, além de ação despigmentante, também é usado para peeling por sua ação de esfoliação química. Outras substâncias despigmentantes são: hidroquinona, proteoglicanos e extratos de algumas plantas, como a uva-ursina. Dependendo da causa da hipercromia, além do produto para uso em casa (home care) pode ser necessário realizar procedimentos adicionais como peeling, intradermoterapia, laser e outros, portanto é importante consultar profissionais para determinar o procedimento mais adequado para cada caso.

Durante a gestação e o período de lactação, é proibido o uso de produtos com ácido retinóico, ácido kójico, hidroquinona ou corticosteróides. Essas substâncias são internacionalmente conhecidas por serem capazes de prejudicar a saúde do bebê e, no caso de uso, essas substâncias permanecem no leite materno.

Seja qual for o procedimento ou produto a ser usado, é importante evitar exposição ao sol e usar proteção solar para garantir o sucesso do tratamento.

Os diferentes tipos de hidratantes cosméticos podem funcionar por oclusão da pele, umectação ou hidratação ativa. A hidratação cosmética por oclusão possui substâncias gordurosas que ocluindo a pele diminuem a perda epidermal de água, por exemplo: vaselina, óleo mineral, lanolina, manteigas vegetais, silicones, óleos vegetais, ceras, álcoois graxos, ácidos graxos.

Já os umectantes formam um filme sobre a pele, absorve e retém a água na superfície da pele, mas possuem menor poder de oclusão. Exemplos de umectantes: glicerina, sorbitol, propilenoglicol, butilenoglicol, colágeno, ácido hialurônico. Estas substâncias não permeiam a camada córnea.

A hidratação ativa ou umectação ativa já são substâncias que permeiam a camada córnea, absorvem água retendo assim a mesma na pele. Um exemplo clássico é a uréia, existem outros como o lactato de amônio, e algumas substâncias possuem os três mecanismos de ação.  

Para se fazer uma boa hidratação da pele no inverno é necessário saber qual o seu tipo de pele, o que ajuda a reconhecer o que funciona melhor e o que a sua pele realmente precisa (Dica ao leitor: leia a matéria Como identificar e cuidar do seu tipo de pele). Complementando a rotina de skin care, devemos sempre manter uma dieta balanceada e lembrar que a ingestão de água é importante para a hidratação da pele, mesmo nos meses frios.

A pele sofre alterações em sua função e estruturas com o decorrer do tempo, seja através do envelhecimento intrínseco ou devido a fatores externos como exposição ao sol, poluição, produtos químicos, danos devido à acne, cicatrizes, dentre outros. No verão há aumento da melanina na epiderme, o que pode ocasionar em hipercromias, o sol também causa espessamento da pele, tornando o aspecto sem viço. Para amenizar os danos supracitados os tratamentos com ácidos são muito procurados no inverno, seja no home care ou realização de peeling com profissional habilitado. 

Os peelings podem ser classificados em químicos, físicos ou mecânicos. O peeling químico consiste na aplicação de um ou mais agentes cáusticos à pele, resultando em variáveis graus de lesão epidérmica e dérmica, dependendo do tipo e da intensidade do agente químico. A descamação causada por esses agentes produz uma esfoliação parcial da espessura cutânea promovendo a renovação celular e a pele adquire aspecto mais jovial e renovado.

O peeling químico pode ser classificado em:

• Muito superficial;
• Superficial;
• Médio;
• Profundo.

O peeling muito superficial remove apenas o estrato córneo (0,06mm), enquanto o superficial possui ação na epiderme (0,45mm) e utilizam-se como substâncias ativas os alfa-hidroxiácidos, beta-hidroxiácidos, ácido tricloroacético, resorcinol, ácido azelaico, solução de Jessner, dióxido de carbono sólido e tretinoína. É indicado para casos de acne, fotoenvelhecimento leve, eczema hiperquerostático, queratose actínica, rugas finas e melasma. Já, o peeling médio (0,6mm) tem ação na derme papilar e utiliza como substâncias ativas combinações de TCA a 30% com CO2 sólido, com solução de Jessner ou com ácido glicólico, também pode ser usado sozinho a 35-40%. Possui a mesma indicação que o peeling superficial, além de ser indicado em lesões epidérmicas. Por fim, o peeling profundo, possui ação na derme reticular e tem como componentes ativos o TCA a 50%, o fenol, ácido pirúvico entre outros. Sua indicação é para os casos de lesões epidérmicas, manchas, cicatrizes, discromias actínicas, rugas moderadas, queratoses, melasmas e lentigos. Independentemente do grau do peeling é essencial o cuidado pós tratamento, além de ser necessário hidratar a pele, deve-se evitar exposição ao sol e usar proteção solar, por isso esse procedimento é mais procurado no inverno.

A recuperação é uma etapa muito importante e que a pele necessita de muito cuidado, pois é o momento em que ela está mais sensível, sendo de fundamental importância o uso de protetor solar, mesmo em situações de baixas temperaturas. Portanto, o peeling deve ser utilizado de maneira segura, criteriosa e com o acompanhamento de profissionais qualificados para realizar o procedimento, até porque podem ocorrer complicações importantes no pós procedimento, como hiperpigmentação, infecção e cicatrizes. 

Além disso, é preciso atentar-se ao uso de peelings durante o período gestacional, a gravidez representa contra indicação relativa à realização de peelings químicos, porém, o uso tópico do ácido glicólico, assim como sua utilização em peelings, representa alternativa segura durante a gravidez, não estando contraindicado. Este ácido é caracterizado por não ter efeito tóxico a nível sistêmico, ser pouco irritante e pouco foto sensibilizante. Entretanto, deve-se considerar a concentração em que o ácido vai ser usado, sempre tendo como objetivo um efeito superficial. É mais aconselhável optar por procedimentos mais superficiais para minimizar riscos, devido a isso, o peeling físico é considerado uma opção segura durante a gravidez. 

Alguns ácidos utilizados no peeling podem ser encontrados em menor concentração em produtos cosméticos para cuidados com a pele (Dica ao leitor: leia a matéria Ácidos utilizados nos Cuidados da Pele) que geralmente são aplicados no rosto e pescoço, dentre eles citam-se: ácido glicólico, ácido mandélico, ácido retinóico, retinol e ácido salicílico.

No quadro abaixo estão relacionadas substâncias citadas nessa matéria e sua relação com o uso na gravidez e lactação: 

Agente	Classe FDA	Restrição de uso de acordo com a toxicidade para o feto	Restrição do uso de acordo com a toxicidade para a lactente
Hidroquinona	C	Administração até 300 mg/kg não é tóxico para o feto	Uso não recomendado
Arbutin	–	Não apresenta toxicidade, pouca reação de hipersensibilidade	Existe objeções quanto ao uso
Ácido ascórbico	–	Uso limitado devido a dificuldade para penetrar na pele e capaz de oxidar rápido	Existe objeções quanto ao uso
VC-PMG	–	Uso com objeções	Existe objeções quanto ao uso
Ácido kójico	–	Não houve relato de teratogenicidade	Existe objeções quanto ao uso
Ácido azeláico	B	Estudos quanto à fertilidade, embriotoxicidade e teratogenicidade não indicaram risco de uso na gravidez	Uso seguro
Retinóides	C	O uso não é indicado por seu efeito teratogênico(SNC, olhos, palato, ouvidos, coração)	Uso não recomendado
Alfa-hidroxiácidos (ácido glicólico, mandélico, ácido láctico, ácido cítrico, ácido málico, ácido de frutas e o extrato de cana de açúcar)	B	Uso seguro com pH menor ou igual a 3,5 e concentração menor ou igual a 10%	Uso seguro
Cosmocaíne	–	Não possui citotoxicidade nem é hipopigmentado	Uso seguro

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“O inverno para a estética é época de recolhimento para tratar os excessos cometidos nas estações anteriores e renascimento para as próximas estações do ano.  Não é a toa, que dizemos que no inverno “está aberta a estação dos peelings” e de vários tratamentos mais agressivos, que envolvem principalmente descamação da pele.

Os peelings químicos são tratamento muito eficazes para uma renovação da pele, podendo ser desde os mais superficiais, onde são utilizados ácidos mais leves, em concentrações mais baixas e phs mais altos, até os mais profundos, utilizando ácidos muito potentes, podendo atingir até a derme reticular, precisando de cuidados redobrados e muitas vezes ficar recolhida por alguns dias em casa, para evitar efeitos indesejados, sendo um deles as manchas provocadas na maioria das vezes pela exposição ao sol sem a proteção adequada.

No inverno a intensidade do sol é a mesma, mas temos dias mais nublados e os raios solares são mais filtrados pela atmosfera o que não deve ser entendido como passa porte para o relaxamento no uso dos filtros solares.

Os tratamentos feitos nessa época do ano são muito valiosos, pois apagam as marcas causados pelos excessos nas estações anteriores e entregam uma pele renovada, mais hidratada, nutrida e sem manchas, para aproveitar ao máximo as próximas estações.

Aproveite o inverno, se cuide, seja feliz e não esqueça de se hidratar e usar filtro solar sempre!!!“

Referências:

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