O glitter é usado amplamente em vários setores da cosmetologia: é utilizado em unhas, nos cabelos, em maquiagens corporais e até nos olhos.

Ele é formado por partículas de microplásticos, que são fragmentos menores que 5 mm de diâmetro e formados por PVC (policloreto de vinila) e PET (politereftalato de etileno).

A grande problemática crescendo cada vez mais em torno do uso do glitter é o seu impacto ambiental: por ser feito de plástico, ele polui os lençóis freáticos (reservatórios de água subterrâneos) e se acumula nos oceanos por muito tempo, já que ele não se decompõe facilmente.

Isso acaba trazendo riscos para a vida marinha, que ao ingerir grandes quantidades de partículas de microplásticos ao longo do tempo podem ter bloqueios intestinais, atrapalhando sua absorção de nutrientes e, além disso, podem causar alterações hormonais e decréscimo das reservas energéticas, o que reduz as taxas de crescimento.

No ser humano o glitter também pode ser problemático porque além de tais seres aquáticos fazerem parte da nossa dieta (nos afetando e causando bioacumulação), os microplásticos adsorvem poluentes, como metais pesados e compostos hidrofóbicos, que podem ser transferidos para o corpo em casos de ingestão.

No caso de utilização cosmética, o uso na área dos olhos é considerado perigoso devido à possibilidade de lesões na área interna da pálpebra e nas córneas, podendo causar infecções internas.

Fonte: Google Imagem

Atualmente, produtos cosméticos que contém glitter em sua composição são, majoritariamente, isentos de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) em produtos classificados como Grau 1, necessitando somente a notificação de comercialização pela empresa, o que ocasiona muitos debates acerca da regulamentação deste item devido ao seu risco à saúde, considerando que sua composição de microesferas gera danos principalmente se utilizada na região dos olhos (como por exemplo em sombras) causando desde uma lesão na córnea até infecções bacterianas, como por exemplo a conjuntivite, e ao ambiente pelo fato dessas microesferas de plástico (microplásticos) levarem cerca de 450 a 500 anos para ser decompostas no meio ambiente, além de contaminarem toda uma cadeia alimentar de organismos marinhos que ingerem essas partículas tóxicas, concebendo grandes impactos no ecossistema aquático, terrestre e atmosférico.

Por isso, muito tem-se falado sobre o bioglitter, que é uma alternativa ao glitter convencional, considerado para diminuir os impactos ecológicos causados pela utilização do microplástico, de maneira mais sustentável e ecologicamente correta, o conhecido “eco-friendly”.

Diferente do microplástico comum, o material biodegradável normalmente é composto de matéria-prima que não agride o meio ambiente, sendo decompostos facilmente pela ação bacteriana, como por exemplo a celulose regenerada ou celulose regenerada modificada provinda, principalmente, de eucaliptos.

PROJETO DE LEI Nº 1007/2019

Fonte: Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Em 2019, a ALERJ publicou um projeto de lei com o objetivo de alterar a permissão de fabricação e comercialização prevista na LEI Nº 8090, DE 30 DE AGOSTO DE 2018, de produtos que contenham adição intencional de microesferas de plástico em sua composição, desde que estes sejam constituídos de materiais biodegradáveis, naturais e que não agridam ao meio ambiente.

No entanto, nem todo bioglitter é biodegradável.

Isso porque algumas matérias-primas não são decompostas no meio ambiente, apesar de diminuírem consideravelmente a poluição do mesmo. Muitas composições de glitter utilizam a fluorflogopita sintética (mica sintética) como elemento responsável pelo brilho, efeito e cores por ser mais pura que a mica natural e como exemplo podemos citar o glitter produzido em 2019 pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que é composto predominantemente de mica (96%), componente principal da areia, ou seja, um acúmulo desse material não acarretaria tanto malefício ao meio ambiente, porém não seria degradado pelos microrganismos por ser um tipo de mineral.

Desta forma, deve-se ter muito cuidado ao produzir um bioglitter, pois o bioplástico não necessariamente será biodegradável (embora haja possibilidade de reciclagem), existindo ainda o risco à saúde na utilização das microesferas de plástico sendo elas feitas ou não do polímero habitual.

Por isso, há a necessidade de reinvenção da produção deste material, objetivando um planeta mais sustentável e também uma maior proteção à saúde, de forma consciente.

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Autores: Lethícia C. Pereira, Clara S. Ferraz e Emeli M. de Araújo

Referências bibliográficas:

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