Autores: Lívia Maria Linck Teixeira e Emeli M. de Araújo

O glitter é um material brilhante, muitas vezes usado em cosméticos, decorações e artesanato. No entanto, sua relação com o meio ambiente levanta preocupações devido à sua composição microplástica e potencial impacto negativo nos ecossistemas aquáticos e terrestres. 

Na maior parte das vezes o glitter é composto de pequenas partículas de plástico, conhecidas como microplásticos, que são menores que 5 milímetros de diâmetro. Essas partículas são facilmente transportadas pelo vento e pela água, podendo acabar em rios, oceanos e solos. Como resultado, organismos marinhos e terrestres podem ingerir estes microplásticos, causando danos à saúde e entrando na cadeia alimentar.

Esse material polui os lençóis freáticos (reservatórios de água subterrâneos) e se acumula nos oceanos por muito tempo, já que ele não se decompõe facilmente, leva de 450 a 500 anos para se decompor.

Isso acaba trazendo riscos para a vida marinha, que ao ingerir grandes quantidades de partículas de microplásticos ao longo do tempo podem ter bloqueios intestinais, atrapalhando sua absorção de nutrientes e, além disso, podem causar alterações hormonais e decréscimo das reservas energéticas, o que reduz as taxas de crescimento.

Para lidar com essas preocupações, muitos esforços têm sido feitos para desenvolver alternativas mais sustentáveis ao glitter convencional. O bioglitter é uma dessas alternativas, feito a partir de materiais biodegradáveis ou de origem natural.

O bioglitter é fabricado usando ingrediente biodegradáveis como celulose regenerada (leva 24 dias para se decompor), Fluorflogopita sintética (mica sintética), algas marinhas e gelatina vegetal, utilizando corantes naturais. Esses materiais se degradam de maneira mais rápida e menos prejudicial ao meio ambiente, evitando a acumulação nos ecossistemas aquáticos e terrestres. A mica mineral também é usada, no entanto ela não é biodegradável.

A adoção do bioglitter é uma resposta às preocupações crescentes sobre a poluição por plásticos e os impactos negativos na vida marinha e nos ecossistemas naturais. Ao optar pelo bioglitter em vez do glitter convencional, as indústrias de cosméticos, moda e decoração podem contribuir para a redução da poluição por microplásticos.

No entanto, é importante ressaltar que a eficácia e a sustentabilidade do bioglitter podem depender da forma como ele é produzido, utilizado e descartado, de forma que nem todo bioglitter é biodegradável. Portanto, o monitoramento contínuo e a pesquisa são necessários para avaliar completamente o impacto ambiental desses materiais alternativos. Se quiser saber um pouco mais sobre bioglitter. https://prouc.uff.br/glitter-saude-e-meio-ambiente/

Referências:

1. R. Napper et al., “Characterisation, quantity and sorptive properties of microplastics extracted from cosmetics,” Marine Pollution Bulletin, 2015..

2. L. Wright et al., “Environmental microplastic perturbation in a temperate European river system,” Scientific Reports, 2017.

3. T. Pivnenko et al., “Emissions of microplastics from personal care products: Comparing different wastewater treatment plants’ removal efficiencies,” Water Research, 2016.

4. M. S. McLellan et al., “Microplastic ingestion and dietary exposure risk assessment in four commercial fish species from the coastal waters of Sri Lanka,” Environmental Pollution, 2020.

5. Bio-glitter.com. “Bioglitter – The Future of Eco-Friendly Glitter.” Acesso em: 09 de agosto de 2023. URL: https://www.discoverbioglitter.com/

6. M. C. B. Lemos et al., “Eco-friendly synthetic mica as an alternative for sustainable cosmetics: Microstructure and luster effects,” Journal of Cleaner Production, 2019.

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