Autores: Patrick de L. Barbosa e Emeli M. de Araújo.

A esfoliação consiste em um método fundamental, dentre as áreas de cuidados com a pele, para a eliminação de células mortas do estrato córneo, promovendo assim a renovação celular e a reepitelização através do uso de ativos cosméticos (esfoliante químico) ou partículas físicas (esfoliante físico). 

Esfoliantes Físicos

Os esfoliantes físicos, ou mecânicos, utilizam substâncias abrasivas para o refinamento da camada córnea, tendo como mecanismo de ação o atrito da ação mecânica estimulada pela pressão provocada pela pele e as mãos. Trata-se de uma esfoliação mais superficial.

Essas substâncias abrasivas são caracterizadas por serem pequenas partículas esféricas (0,1 a 5000mm), muitas vezes feitas de polímeros plásticos sintéticos, denominados microesferas de plástico (como polietileno, acido polilático, polipropileno, poliestireno e/ou tereftalato de polietileno) e estão presentes em esfoliantes físicos faciais e corporais, géis de banho e até mesmo em produtos de higiene bucal, para o polimento dental. 

Contudo, em virtude da sua natureza, as microesferas de plástico são insolúveis e não biodegradáveis, apresentando também a capacidade de absorver produtos químicos, gerando assim a sua acumulação no ambiente aquático, ingestão por aves, peixes e outros animais marinhos e necrose celular, inflamação e laceração de tecidos. 

Alternativas Sustentáveis

Objetivando evitar os impactos supracitados, novas formulações têm sido pensadas e melhores alternativas têm demonstrado menores impactos ao meio ambiente, mas ainda assim eficácia, tais como:

Microesferas biodegradáveis e orgânicas: celulose e açúcar. São solúveis e biodegradáveis. 

Microesferas naturais:  cascas de nozes, arroz, jojoba, milho, café, noz, abacaxi, miçangas, amêndoa, damasco, sementes de chia, aveia vegetal e integral. Não são tóxicas para o ambiente e são biodegradáveis.

Microesferas minerais: sílica, bentonita, pedra-pomes, mica, sal e areia de quartzo. Não são tóxicas para o ambiente. 

Esfoliantes Químicos

Os esfoliantes químicos estabelecem uma esfoliação acelerada ou injúria à pele induzida por agentes cáusticos, responsáveis por gerar dano controlado, seguido pela liberação de citocinas e mediadores de inflamação, resultando em espessamento da epiderme, depósito de colágeno, reorganização dos elementos estruturais e aumento do volume dérmico. 

Produtos cosméticos que possuem esses agentes capazes de alterar a estrutura córnea, promovendo a esfoliação, podem conter substâncias como ácidos, sendo eles os Alfa-hidroxiácidos (AHA), como os ácidos glicólico, lático, mandélico e málico e Beta-hidroxiácidos (BHA), como o ácido salicílico, e enzimas, como proteases e lipases. Apesar dos benefícios, em virtude da sua acidez e de serem derivados de extratos vegetais, os ácidos são prejudiciais ao ambiente aquático e o seu processo de extração muitas vezes pode não ser devidamente sustentável. 

Não existem alternativas sustentáveis para esta classe de substâncias, portanto deve-se investir em técnicas sustentáveis na fabricação destas substâncias e descarte adequado das mesmas. 

Referências

S. Bom, J. Jorge, H.M. Ribeiro, J. Marto, A step forward on sustainability in the cosmetics industry: A review. Journal of Cleaner Production, Volume 225, 2019, Pages 270-290.

SOARES, Enilda Graciella Mutte; MASCARENHAS, Marcello Ávila. Esfoliação Facial: efeito benéfico e reações adversas. Ciência em Movimento, v. 23, n. 47, p. 39-47, 2021.

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