O Brasil, por ser um país tropical, possui uma grande diversidade de insetos transmissores de doenças infecciosas, como o Aedes aegypti que pode transmitir a zika, dengue e chikungunya. Tais infecções representam uma preocupação para a saúde pública devido a variedade de doenças que podem ser transmitidas pelo mesmo vetor e pela gravidade que pode ser desenvolvida pela infecção. Portanto, o uso de repelentes se faz necessário tanto para reduzir o risco de transmissão de inúmeras doenças infecciosas quanto para diminuir as reações imunoalérgicas resultantes da picada de artrópodes.
Os repelentes
São produtos cosméticos contendo substâncias químicas que objetivam fornecer proteção contra artrópodes, como insetos. Apresentam um odor e sabor fortes característicos e geralmente são encontrados na forma de:
- gel
- creme
- loção
- solução
- spray
Com a grande necessidade da utilização dos repelentes pelos brasileiros, existem no mercado algumas marcas de repelentes com diferentes:
O tempo de ação varia conforme o princípio ativo usado na formulação e sua concentração, porém todas as marcas representam uma proteção individual e devem ser usadas corretamente.
É importante destacar que tais produtos necessitam apresentar um bom custo benefício para que a população consiga comprar e utilizar, não devem irritar a pele nem contaminar o meio ambiente, e precisam ser eficazes contra a grande variedade de insetos
RDC nº 752, de 19 de setembro de 2022
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) classifica os repelentes como cosméticos de Grau 2 sujeitos a registro. A reaplicação do produto é recomendada de acordo com o tempo indicado por cada fabricante para que a proteção seja eficaz e a quantidade aplicada não interfere no tempo de ação, somente garante a cobertura de toda área corporal.
O melhor repelente tópico é aquele que apresenta uma concentração de ativo que garante proteção por maior tempo sem causar qualquer reação de intoxicação.
Substâncias ativas
As substâncias ativas dos repelentes podem ser de origem sintética ou até mesmo natural, com o uso de óleos essenciais nas suas formulações.
A citronela é uma planta que tem sido pesquisada por apresentar substâncias que atuam como repelente e inseticida sobre vários insetos larvas, como a larva do Aedes aegypti.
Outra planta que possui efeito semelhante é a andiroba
Os repelentes de origem sintética são os mais comumente encontrados nos produtos comerciais e apresentam nas suas preparações o uso de piretróides (Icaridina, DEET e IR3535).
Alguns fatores como:
- Maior concentração do ativo
- Presença de ingredientes formadores de filme (no mínimo 2% da formulação)
São responsáveis por induzir um tempo de ação mais efetivo e maior durabilidade do produto na pele.
Já os repelentes à base de Icaridina são os mais recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) devido a sua baixa toxicidade e alto potencial de eficácia. Apresenta tempo de ação de até 13 horas, dependendo da concentração do ativo.
Os repelentes formulados com DEET são os mais encontrados no mercado brasileiro, apresentam baixo custo e duram em média de 4 a 6 horas na pele. A sua toxicidade ainda é um assunto muito discutido na comunidade científica.
Os repelentes que são baseados no ativo IR3535 são os menos encontrados no mercado brasileiro e apresentam um tempo de ação de cerca de 4 horas, o menor tempo de proteção comparando com as outras formulações.
Os mecanismos de ação dos repelentes, independentemente do ativo utilizado, não são muito esclarecidos.
Porém, acredita-se que tanto os formulados com IR3535 quanto com Icaridina, formam uma nuvem ao redor da pele repelindo o mosquito. Por meio de estudos percebeu-se que os repelentes à base de DEET conseguem interferir nos receptores sensoriais presentes nas antenas dos mosquitos, fazendo com que diminuam as suas percepções do ácido lático na pele das pessoas, o qual é responsável por atrair esses insetos.
Apesar dos repelentes serem considerados produtos cosméticos, o seu uso inadequado pode levar a uma intoxicação. Por isso, é importante avaliar a concentração e o princípio ativo do produto, que dependendo da idade do consumidor, se a mulher é gestante e/ou lactante, ou se apresenta alergia a algum componente da fórmula; pode interferir na escolha do produto.
De acordo com o Ministério da Saúde e a ANVISA, outros fatores importantes são:
- O uso de repelentes não é indicado para crianças com idade inferior a seis meses de vida;
- Repelentes formulados com DEET não devem ser utilizados por crianças com idade inferior a dois anos de idade. Já entre crianças entre dois a doze anos de idade, seu uso deve ser feito em baixa concentração ( no máximo 10%) e o máximo de três aplicações diárias. O uso em gestantes é considerado seguro, porém existe limitação de uso diário de acordo com cada fabricante;
- Repelentes que contém IR3535 podem ser utilizados por crianças entre seis meses e dois anos de idade, e por gestantes;
- Repelentes à base de Icaridina também podem ser utilizados por crianças acima de seis meses e gestantes.
Por fim
É de grande relevância o uso de repelentes, principalmente no Brasil que apresenta uma enorme variedade de doenças infecciosas causadas por artrópodes.
Os produtos formulados com Icaridina são os mais indicados e seguros, pois por apresentarem maior tempo de ação, reaplicações são menos necessárias diminuindo as chances de intoxicação.
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Autores: Luiza S. de Medeiro, Thais G. Flor, Iago M. Gonçalves, Lethícia C. Pereira e Emeli M. de Araújo.
Referências bibliográficas:
- RQUES, S. B. V. LEVANTAMENTO DOS REPELENTES CONTRA INSETOS EXISTENTES NO MERCADO BRASILEIRO PARA CONTROLE DAS DOENÇAS VEICULADAS PELO MOSQUITO AEDES AEGYPTI. Tese (Graduação em Farmácia) – Faculdade de Farmácia, Universidade Federal Fluminense, 2019.
- COELHO, L. G. DESENVOLVIMENTO E ESTUDO DA ESTABILIDADE EMULSÕES COM PROPRIEDADES REPELENTES NATURAIS. Tese (Tecnologia em Processos Químicos) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2014.
- Produtos repelentes. Disponível em: <https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/campanhas/dengue/produtos-repelentes>. Acesso em 07 de Março de 2024.