Autores: Patrick de L. Barbosa, Denise da Silveira, Victor L. dos Anjos, Karen A. Nardy e Emeli M. de Araújo.

Entende-se como ‘água bruta’ toda aquela água que não passou por um processo de tratamento prévio, podendo ter origem de rios, lagos, chuvas, lençóis freáticos, poços e degelos de geleiras, por exemplo. O termo ‘potável’ significa ser apropriado para consumo humano, portanto a água bruta pode adquirir esta característica pelo devido tratamento, sendo então a ‘água potável’ aquela que se obtém das torneiras de casa e caminhões pipa, por exemplo.

A portaria Ministério da Saúde Gabinete do Ministro (GM/MS) 888/21 define os padrões de qualidade de potabilidade da água para consumo humano. Esta é obtida por meio de reservatórios ou então nascentes naturais que passam por processos de filtração, sedimentação, floculação e de correção como correção do pH, e adição de aditivos para potabilidade da água. Nesse aspecto, destaca-se a adição do cloro e flúor, o cloro para manter a carga microbiana controlada, tendo o flúor também esse propósito, assim como o papel protetor do esmalte dentário.

Já as águas termais são águas naturalmente ricas em oligoelementos sob altas temperaturas e com potencial terapêutico, pois são formadas em condições geológicas singulares, advindo de um aquífero termal, onde a temperatura da água é mais elevada que a do corpo humano e apresentam um ‘dinamismo físico-químico’ que, de uma maneira geral, traduz o fato de que esse tipo de água, quando extraída de suas fontes naturais, pode perder algumas de suas propriedades. Além disso, algumas dessas águas podem ser radioativas se atravessarem atravessarem jazidas de rádio e tório, antes de aflorarem e terem esses elementos dissolvidos na sua composição. 

A maior parte das águas termais tem origem na água da chuva, que se infiltra nas profundidades, adquirindo características físico-químicas específicas devido à composição mineralógica das formações geológicas de onde circula. Desse modo, as águas termais amplamente comercializadas no mercado podem ser ricas em oligoelementos como:

  • Silicatos, cálcio, selênio, alumínio, arsênico, boro, cloreto de sódio, cobre, enxofre, magnésio, manganês, sódio e zinco. 

As determinadas concentrações desses oligominerais nessas águas vai depender da região e do local de extração. Por isso, as águas termais disponíveis no mercado não são idênticas entre si, uma vez que cada uma vem de uma região diferente, o que pode trazer, por conseguinte, diferentes benefícios para uso dermatológico. 

Funções e benefícios

As águas termais conferem sensorial refrescante à pele e são encontradas no mercado águas termais puras ou como componente de formulações cosméticas. Sendo assim, a água termal tem sido indicada em dermatologia como coadjuvante na hidratação da pele, no tratamento do envelhecimento cutâneo, acne, rosácea e outras dermatoses inflamatórias, e após procedimentos estéticos como peelings químicos, laser, etc.

Também apresentam propriedades terapêuticas, que estão relacionadas com a composição dessa água. Águas termais ricas em selênio apresentam grande poder antioxidante e anti-inflamatório; em sulfato apresentam benefícios relacionados à atividade antimicrobiana e regeneração celular. 

Podem ser utilizadas, sem restrições, quantas vezes você quiser e em qualquer tipo de pele, até mesmo naquelas mais sensíveis. Além disso, são ótimas para serem aplicadas antes e após a maquiagem.

Água usada Indústria Farmacêutica

A água utilizada na preparação de formulações na Indústria Farmacêutica, não é a mesma que temos em casa e a utilizamos e consumimos. Na Indústria, justamente por se tratar de medicamentos, o rigor utilizado é muito maior, dessa maneira água passa por diversos tratamentos e deve atender a requisitos de qualidade preconizados pela Farmacopeia Brasileira que classifica a água para uso farmacêutico em: 

  • Água Purificada (AP): É obtida a partir da água potável, não contendo aditivos ou minerais. É obtida por sistemas de filtragem como: osmose reversa e  troca iônica. 
  • Água ultrapurificada (AUP): É um obtida por meio da água AP, possui baixa condutividade e carga microbiana. Utiliza-se esse tipo de água em laboratórios para análises mais específicas que demandam um grau de pureza e sem interferentes para resultados confiáveis.
  • Água para injetáveis (API): Água API é uma água utilizada para preparações injetáveis, como: soros, vacinas e outros. É uma água estéril e apirogênica (sem partes de microrganismos que podem causar malefícios). É possível se produzir, a mesma através de processos sucessivos de destilação, osmose reversa dentre outros.

Água para uso farmacêutico vs. Água termal

Tendo esses conceitos em mente, a principal diferença entre a água termal para a de uso farmacêutico é de que na água termal, a mesma é uma água rica em oligominerais, podendo ser de fontes naturais e passando por um processo de purificação para retirada de microorganismos patogênicos, entretanto preservar os minerais que fazem bem para a pele. Enquanto a água de uso farmacêutico é feita com a retirada praticamente total de minerais e redução de carga microbiológica, utilizando-a para a produção de medicamentos e de cosméticos.

Dessa maneira, a água termal é um produto de skincare que cada vez mais vem ganhando espaço na rotina dos brasileiros e que dessa forma é uma maneira simples e rápida de ajudar sua pele a se “acalmar e relaxar sua pele” após um processo abrasivo e trazer refrescância.

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Referências bibliográficas:

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  • BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria GM/MS nº 888, de 4 de maio de 2021. Altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação GM/MS nº 5, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, 29 p. Disponível em: <https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-888-de-4-de-maio-de-2021-318461562>.
  • GUIMARÃES, Gabrielli Cristini Luis. Análise química de águas termais dermocosméticas. 2020.
  • NUNES, Samanta; TAMURA, Bhertha Miyuki. Revisão histórica das águas termais. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 4, n. 3, p. 252-258, 2012.
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  • SEGURA, Juliana Hawerroth et al. Influência da água termal e de seus oligoelementos na estabilidade e eficácia de formulações dermocosméticas. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 2, n. 1, p. 11-17, 2010.
  • VAITSMAN, Mauro Santiago; VAITSMAN, Delmo Santiago. Os Diferentes Tipos de Água. Revista Souza Marques, v. 14, n. 31, p. 73-80, 2014.
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