Autores: Denise da Silveira, Patrick de L. Barbosa, Emeli M. de Araújo

Produtos usados no rosto como base, delineador, corretivo, protetor solar e entre outros cosméticos usados diariamente necessitam ser retirados corretamente todos os dias e isso se deve, principalmente, pelas suas composições que muitas vezes são ricas em emolientes e silicones naqueles de maior fixação. Por isso, a remoção inadequada ou simplesmente a não remoção destes produtos causam efeitos prejudiciais à pele como: obstrução dos poros, aumento da oleosidade e envelhecimento precoce.

Por exemplo, ao usar máscara para cílios, a remoção do produto dos cílios é importante, principalmente para aqueles que são impermeáveis. Dessa forma, isso exige produtos específicos, como demaquilantes, para que não gere trauma nas pálpebras ao esfregar com água e sabonete e, também, para que os cílios não se rompam e caiam. É possível conferir mais especificamente sobre máscara para cílios aqui

Pigmentos e corantes também fazem parte da composição de muitas maquiagens, principalmente em batons, e nem sempre a retirada acontece de forma eficaz. Por esse motivo,  o uso de demaquilante se torna necessário. Também em nosso site explicamos sobre utilização de pigmentos e corantes aqui

O uso do demaquilante remove as toxinas e impurezas do nosso rosto, e ao realizar a remoção completa da maquiagem diariamente evitamos alguns problemas como o aparecimento de acne e cravos, conforme detalhado na seguinte matéria  em nosso site.

Existem vários tipos de demaquilantes e removedores, e eles são considerados cosméticos de grau 1, ou seja, produtos que possuem propriedades básicas e que, portanto, não necessitam passar por testes de eficácia tão robustos para devida comprovação de suas funções. Em nosso site informamos mais sobre a nova resolução da RDC publicada pela ANVISA que classifica os Produtos Cosméticos.

Tipos de removedores de maquiagem

Com o avanço da tecnologia na indústria cosmética atrelado ao aumento da exigência dos consumidores de beleza, os removedores de maquiagens, ou demaquilantes, passaram por transformações e melhorias durante as últimas décadas. Nesse sentido, a necessidade de haver produtos mais eficazes e que, ao mesmo tempo, fossem cosmeticamente elegantes, isto é, fossem gentis com a pele e satisfatórios durante o uso, tornou-se cada vez maior. 

Muitos demaquilantes são basicamente emulsões compostas por ativos detergentes, hidratantes e emolientes. Uma emulsão, de forma simplificada, consiste em uma mistura entre uma fase aquosa e uma fase oleosa, formando o que se chama de mistura heterogênea. Por exemplo, no caso de um demaquilante em forma de óleo bifásico, em virtude da emulsão naturalmente ser uma mistura instável, é necessário a agitação do produto para que seja formada, ou seja, ocorra a mistura entre as duas fases e o produto esteja pronto para uso. 

A seguir, para que se tenha uma perspectiva da diferença de formulação entre os principais tipos de demaquilantes, escolhidos aleatoriamente, abaixo poderão encontrar um breve resumo sobre cada um, seguido de uma tabela com seus respectivos ingredientes e funções discriminadas: 

Lenços Demaquilantes

Os lenços demaquilantes consistem em tecidos mergulhados em uma solução composta por ativos detergentes, hidratantes e suavizantes. De forma geral, deve-se retirar um lenço e utilizá-lo no rosto, esfregando-o suavemente até que a maquiagem seja removida. Dessa forma, a maquiagem é removida tanto pelo atrito do tecido com a pele, bem como pela solução na qual ele está embebido. 

Contudo, esse tipo de demaquilante, além de produzir lixo desnecessário, muitas vezes pode acabar irritando a pele em virtude do atrito causado pelo lenço, a depender do material do qual é feito, mas também da qualidade da solução na qual ele está presente. Dessa forma, é provável que seja preciso mais de um lenço para a total remoção da maquiagem, principalmente se for à prova d’água, podendo causar assaduras, irritações e ressecamento. 

Figura 1: Exemplo de formulação demaquilante (lenço).

Demaquilante Bifásico 

O demaquilante bifásico consiste, como dito anteriormente, em uma emulsão composta por uma mistura de água e óleos. O uso recomendado consiste em agitá-lo para que a emulsão seja formada e, com o auxílio de um algodão, seja depositado sobre o rosto, realizando movimentos para a remoção da maquiagem. 

Este tipo de demaquilante se mostra muito eficaz na remoção de maquiagens muito resistentes ou à prova d’água, uma vez que a porção oleosa proporciona a dissolução dos componentes que as compõem, visto que possuem naturezas químicas semelhantes. Entretanto, apesar de eficaz, este tipo de demaquilante costuma deixar um resíduo oleoso na pele, sendo difícil de remover, e com possibilidade de ocluir os poros, além da necessidade do uso de algodões, produzindo mais lixo – Nesse contexto, o uso de toalhinhas e/ou discos de algodão reutilizáveis é uma melhor alternativa. 

Figura 2: Exemplo de formulação demaquilante (demaquilante bifásico). 

Água Micelar

A água micelar, diferente do demaquilante bifásico, consiste em uma solução contendo, basicamente, água e tensoativos. A tecnologia micelar consiste na introdução de tensoativos, substâncias que apresentam parte com afinidade à água e outra parte com afinidade à óleos, na água. Dessa forma, a introdução dos tensoativos atinge um limiar, a partir do qual tem-se a formação das micelas que possuem alta capacidade de interagir com componentes aquosos e oleosos. 

Por essa razão, torna-se um tipo de demaquilante eficaz, tanto na remoção de maquiagens menos resistentes até aquelas à prova d’água, não deixando a pele oleosa, uma vez que sua base é aquosa, porém, ainda assim, torna-se necessário também o uso de algodão ou toalhinhas para auxiliar na remoção. Além disso, geralmente esse tipo de demaquilante traz em sua formulação ativos hidratantes, umectantes e, algumas vezes, de controle de oleosidade. 

Figura 3: Exemplo de formulação demaquilante (água micelar).

Óleo e Bálsamo de limpeza

Os óleos e bálsamos de limpeza ganharam popularidade no final da última década pelo método do ‘double cleansing‘, ou dupla limpeza, que consiste na ideia de retirar resíduos de maquiagem, protetor solar e poluição com um limpador à base de óleo seguido de um limpador à base d’água. Tal tendência, que tem como berço os países orientais, principalmente o Japão e Coréia do Sul, chegou com força no ocidente e parece que essa chegada é definitiva. 

Mas afinal, o que tem de tão especial nos óleos e bálsamos de limpeza? E não menos importante, qual a ciência por detrás deles? Inicialmente, temos de ter em conta, como já dito anteriormente, que maquiagens e protetores solares possuem bases oleosas, bem como a maior parte das sujidades que se depositam em nossa pele ao longo do dia. Dessa forma, retomando conceitos básicos de química que vemos ainda na escola, o que há de melhor para remover resíduos à base de óleo senão um próprio óleo? 

Nesse sentido, aprendemos que ‘semelhante dissolve semelhante’ ou, de uma forma mais robusta, moléculas cujas estruturas químicas são semelhantes em polaridade são capazes de interagir favoravelmente entre si. Mas o que isso quer dizer na prática? Basicamente, os óleos apresentam uma capacidade de limpeza maior, quando comparados a tensoativos amplamente utilizados, em relação à maquiagem, protetor solar e sujidades no geral, uma vez que o que todos esses têm em comum é possuírem base oleosa. 

Os óleos e bálsamos de limpeza consistem em um mix de óleos, predominantemente vegetais, associados à tensoativos com alta afinidade a esses óleos. O papel dos tensoativos nessa formulação é garantir que, quando em contato com a água, o tensoativo promova a mistura entre ela e os óleos, ocorrendo a formação de uma emulsão, não deixando nenhum resíduo oleoso no rosto. Por isso, os óleos e bálsamos de limpeza possuem uma cosmética de alta performance, uma vez que possuem alta eficácia na remoção de sujidades deixando ao mesmo tempo a pele sem aspecto oleoso. 

Sendo assim, a diferença entre o óleo e o bálsamo de limpeza está na forma cosmética em que se apresentam. Enquanto o óleo é, como o próprio nome infere, o óleo em sua forma líquida, o bálsamo é o óleo em sua forma sólida, quase como uma cera, que em contato com o calor das mãos derrete para uso. Por isso, a escolha entre um e outro fica a gosto, uma vez que na prática ambos desempenham o mesmo papel com o mesmo êxito. Além disso, esse é um tipo de demaquilante que dispensa o uso de toalhinhas e/ou algodões, devendo ser utilizado com o rosto e mãos secas, massageado e, por fim, emulsionado com um pouco de água para enxaguar

Estudos já revelam que os óleos vegetais presentes nesses tipos de demaquilantes preservam a integridade da barreira cutânea da pele e, portanto, a perda de água transepidermal e consequente desidratação. Por isso, atualmente, esse tipo de demaquilante pode ser considerado a melhor opção que há hoje no mercado. 

Figura 4: Exemplo de formulação demaquilante (óleo de limpeza). 

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Referências:

  • LEITE, Beatriz Nori; SILVA, Jhessica Rodrigues; DE SOUZA, Andersy Cordeiro Calado. DEMAQUILANTE TRIFÁSICO. Revista Pesquisa e Ação, v. 4, n. 2, 2018.
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  • CHEN, Wei et al. The optimal cleansing method for the removal of sunscreen: Water, cleanser or cleansing oil?. Journal of cosmetic dermatology, v. 19, n. 1, p. 180-184, 2020.
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  • Neutrogena Lenço de Limpeza Facial e Demaquilante Neutrogena Deep Clean ingredients list | CosDNA. Disponível em: <https://www.cosdna.com/eng/cosmetic_9f61614508.html>. Acesso em: 15 mar. 2023.
  • A Importância sobre os cuidados faciais após o uso da maquiagem. SILVA, Ana Letícia Camurça; MAGALHÃES, Silvana Alves. SBDSP – Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional São Paulo.
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